sábado, 9 de abril de 2011

Ellen G. White – foi profeta ou não? Segunda parte

Jeosafá, rei de Judá, achava-se em aflição. Tropas inimigas aproximavam-se,
e o panorama parecia não oferecer esperança. O rei “se pôs a buscar ao Senhor, e
apregoou jejum em todo o Judá” (II Crôn. 20:3). As pessoas afluíam ao templo em
grande número a fim de suplicar a Deus misericórdia e livramento.
Enquanto Jeosafá dirigia os serviços de oração, suplicou a Deus que
modificasse as circunstâncias. Ele orou nestes termos: “Porventura, não és Tu
Deus nos Céus? Não és Tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na Tua
mão, está a força e o poder, e não há quem Te possa resistir” (verso 6). Não
houvera Deus protegido de modo especial o Seu povo no passado? Não havia Ele
concedido o território a Seu povo escolhido? Portanto, Jeosafá implorou: “Ah!
Nosso Deus, acaso não executarás Tu o Teu julgamento contra eles? Porque em
nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e
não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em Ti” (verso
12).
Enquanto todo o Judá se encontrava em pé diante do Senhor, ergueu-se Jaaziel. Sua mensagem trouxe encorajamento e orientação para o povo amedrontado. Ele disse: “Não temais, nem vos assusteis... pois a peleja não é vossa, mas de Deus. ... Neste encontro não tereis de pelejar; tomai posição, ficai parados e vede o salvamento que o Senhor vos dará, ... porque o Senhor é
convosco” (versos 15-17). Pela manhã o rei Jeosafá insistiu diante de suas tropas:
“Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e
prosperareis” (verso 20).(1)

O rei creu tão plenamente naquele profeta praticamente desconhecido –
Jaaziel – que substituiu a sua linha de frente, colocando em lugar da mesma um
coral que deveria louvar o Senhor e a beleza de Sua santidade! Enquanto as
antífonas de fé enchiam os ares, o Senhor achava-Se em operação, trazendo a
confusão entre os inimigos que se haviam aliado contra Jeosafá. O morticínio foi
tão grande que não restou “nenhum sobrevivente” (verso 24).
Jaaziel foi o porta-voz de Deus para aquele momento especial.
Os profetas desempenharam papel vital, tanto nos tempos do Antigo quanto
do Novo Testamentos. Contudo, teria a profecia cessado com o encerramento do
cânon bíblico? Para podermos descobrir a resposta, repassemos à história da
profecia.

O Dom Profético nos Tempos Bíblicos

Embora o pecado tenha interrompido a comunicação face a face de Deus com
os seres humanos (Isa. 59:2), Deus não perdeu a intimidade com as criaturas
humanas; em vez disso, desenvolveu novas formas de comunicação. Passou a
enviar através dos profetas as Suas mensagens de encorajamento, advertência e
reprovação.(2)
Nas Escrituras, o profeta é “alguém que recebe comunicações de Deus e
transmite o propósito das mesmas ao povo”.(3) Os profetas não profetizavam por
sua própria iniciativa. “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo” (II Ped. 1:21).
No Antigo Testamento, a palavra profeta é geralmente tradução do hebraico
nabi. Seu significado é exposto em Êxo. 7:1 e 2: “Então, disse o Senhor a Moisés:
Vê que te constituí como deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta
[nabi]. Tu falarás tudo o que Eu te ordenar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó.” O
relacionamento de Moisés para com Faraó seria semelhante àquele que Deus
mantém com Seu povo. Assim como Arão comunicava as palavras de Moisés a
Faraó, assim o profeta apresenta as palavras de Deus perante o povo. O termo
profeta, portanto, designa um porta-voz apontado por Deus. O termo grego
equivalente ao hebraico nabi é prophetes, de onde deriva o nosso termo em
português, profeta.
“Vidente”, tradução do hebraico roeh (Isa. 30:10) ou chozeh (II Sam. 24:11; II Reis 17:13) é uma outra designação para as pessoas que possuem o dom profético. Os termos profeta e vidente acham-se intimamente relacionados. As Escrituras esclarecem: “Antigamente, em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia: Vinde, vamos ter com o vidente; porque ao profeta de
hoje, antigamente, se chamava vidente” (I Sam. 9:9). A designação vidente enfatiza o recebimento da divina mensagem por parte do profeta. Deus abria seus “olhos” ou mente, para que os profetas recebessem a informação que Ele desejava fosse transmitida ao povo.

Através dos anos, Deus concedeu revelações de Sua vontade a Seu povo,
utilizando as pessoas que haviam recebido o dom de profecia. “Certamente, o
Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus
servos, os profetas” (Amós 3:7; cf. Heb. 1:1).

As Funções do Dom Profético no Novo Testamento.

O Novo Testamento concede ao dom de profecia um lugar proeminente entre os dons do Espírito Santo, colocando-o uma vez em primeiro lugar e duas vezes em segundo, entre os
ministérios de maior utilidade para a igreja (Rom. 12:6; I Cor. 12:28; Efés. 4:11). Ela estimulou os crentes a desejar de modo especial o dom de profecia (I Cor. 14:1 e 39).

O Novo Testamento sugere que os profetas desempenharam as seguintes
funções:

1. Prestaram assistência na fundação da Igreja. A Igreja foi edificada
“sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a
pedra angular” (Efés. 2:20 e 21).

2. Iniciaram a extensão missionária da Igreja. Foi através de profetas que o
Espírito Santo selecionou Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionária
(Atos 13:2 e 3) e proveu orientação no tocante aos lugares em que os missionários
deveriam trabalhar (Atos 16:6-10).

3. Edificaram a Igreja. “O que profetiza”, diz Paulo, “edifica a Igreja.” As
profecias são pronunciadas para os “homens, edificando, exortando e consolando”
(I Cor. 14:4 e 3). Junto com outros dons, Deus concedeu a profecia à Igreja a fim
de preparar os crentes “para o desempenho do seu serviço, para a edificação do
corpo de Cristo” (Efés. 4:12).

4. Uniram e protegeram a Igreja. Os profetas contribuíram para trazer a
lume “a unidade da fé”, protegendo a Igreja contra as falsas doutrinas, de modo
que os crentes não mais fossem “como meninos, agitados de um lado para outro e
levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela
astúcia com que induzem ao erro” (Efés. 4:13 e 14).

5. Advertiram quanto a dificuldades futuras. Um dos profetas do Novo
Testamento advertiu quanto à proximidade de uma fome futura. Como resultado, a
Igreja iniciou um programa de assistência mediante o qual foram aliviados aqueles
que enfrentaram dificuldades (Atos 11:27-30). Outros profetas advertiram no
tocante à prisão de Paulo, que aconteceria em Jerusalém (Atos 20:23; 21:4, 10-14).

6. Confirmaram a fé em tempos de controvérsia. Por ocasião do primeiro
concílio da Igreja, o Espírito Santo a orientou rumo a uma decisão correta no
tocante a um assunto controvertido, relacionado com a salvação dos gentios.
Depois, através dos profetas, o Espírito reafirmou aos crentes outros aspectos da
doutrina verdadeira. Depois de comunicar a decisão do concílio aos membros,
“Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos
conselhos e os fortaleceram” (Atos 15:32).

O Dom Profético nos Últimos Dias

Muitos cristãos crêem que o dom profético cessou no encerramento da era
apostólica. Mas a Bíblia revela a necessidade especial de orientação divina durante
as crises do tempo do fim; isso testifica da contínua necessidade da provisão do
dom profético depois dos tempos do Novo Testamento.

Continuação dos Dons Espirituais.

Não existe qualquer evidência bíblica de que Deus haveria de retirar os dons espirituais por Ele concedidos à Igreja, antes que completassem seu propósito, o qual, de acordo com Paulo, seria levar a Igreja “à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efés. 4:13). Uma vez que a Igreja ainda não alcançou tal experiência, necessita ela ainda da presença dos dons do Espírito. Esses dons, incluindo o dom de profecia, continuarão a operar em benefício do povo de Deus até o retorno de Cristo.
Consequentemente, Paulo advertiu os crentes a não extinguir o Espírito nem
desprezar as profecias (I Tess. 5:19 e 20), aconselhando ainda: “procurai... com
zelo, os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis” (I Cor. 14:1).
Nem sempre esses dons se manifestaram amplamente na experiência da igreja
cristã.5 Após a morte dos apóstolos, os profetas desfrutaram de respeitabilidade em
muitos círculos, até por volta do ano 300 d.C.6 Mas o declínio da espiritualidade
da Igreja e a conseqüente apostasia (veja o capítulo 12 deste livro), conduziram a
uma redução tanto da presença do Espírito quanto de Seus dons. Ao mesmo tempo
falsos profetas ocasionaram perda de confiança no dom profético.
O declínio do dom profético durante certos períodos da história da Igreja não
significou que Deus houvesse retirado o dom permanentemente. A Bíblia indica
que, ao aproximar-se o fim dos tempos, o dom estaria presente a fim de assistir a
Igreja durante esses momentos de dificuldades. Mais ainda, ela garante que
haveria um incremento na atividade desse dom.

O Dom Profético Imediatamente Antes do Segundo Advento.

Deus concedeu o dom profético a João Batista para que anunciasse o primeiro advento
de Cristo. De modo similar, podemos esperar que Ele envie o mesmo dom para
proclamar o Segundo Advento, de modo que todas as pessoas tenham
oportunidade de se preparar para o encontro com o Salvador.
De fato, Cristo mencionou o surgimento de falsos profetas como um dos
sinais da proximidade de Sua segunda vinda (Mat. 24:11 e 24). Se não devessem
existir profetas verdadeiros durante o tempo do fim, Cristo não teria advertido
contra qualquer indivíduo que pretendesse possuir o dom. Sua advertência no
tocante a falsos profetas implica que existiriam igualmente profetas verdadeiros.
O profeta Joel anunciou um derramamento especial do Santo Espírito e do
dom profético justamente antes do retorno de Cristo. Ele disse: “E acontecerá,
depois, que derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas
filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre
os servos e sobre as servas derramarei o Meu Espírito naqueles dias. Mostrarei
prodígios no Céu e na Terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O Sol se
converterá em trevas, e a Lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”
(Joel 2:28-31).

O primeiro Pentecostes testemunhou memorável manifestação do Espírito.
Pedro, citando a profecia de Joel, destacou que Deus havia cumprido a Sua
promessa (Atos 2:2-21). Entretanto, devemos indagar se a profecia de Joel
encontrou seu pleno e total cumprimento no dia de Pentecostes ou se ainda
devemos esperar outro cumprimento, mais amplo e mais completo. Não possuímos
evidências de que os fenômenos no Sol e na Lua, mencionados por Joel,
ocorreriam antes ou depois do derramamento do Espírito. Na verdade, eles não
ocorreram senão muitos séculos mais tarde (veja o capítulo 24 deste livro).
O Pentecostes representou, portanto, um prelúdio da plena manifestação do
Espírito que deverá ocorrer antes do Segundo Advento. Tal como a chuva temporã
da Palestina, a qual caía no outono, pouco tempo depois que as sementes eram
lançadas ao solo, o derramamento do Espírito Santo por ocasião do Pentecostes
inaugurou a dispensação do Espírito. O cumprimento pleno e final da profecia de
Joel corresponde à chuva serôdia, a qual, caindo na primavera amadurecia o grão
(Joel 2:23). Semelhantemente, a concessão final do Espírito de Deus deverá
acontecer imediatamente antes do Segundo Advento, depois dos sinais preditos
para o Sol, Lua e estrelas (cf. Mat. 24:29; Apoc. 6:12-17; Joel 2:31). Tal como a
chuva temporã, essa manifestação final do Espírito amadurecerá a colheita da
Terra (Mat. 13:30 e 39), e “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”
(Joel 2:32).

O Dom Profético na Igreja Remanescente.

Apocalipse 12 menciona dois períodos de acentuada perseguição. Durante o primeiro, que se estendeu de 538 a 179 d.C. (Apoc. 12:6 e 14; veja o capítulo 12 deste livro), os crentes leais sofreram intensa perseguição. Uma vez mais, justamente antes do Segundo Advento,
Satanás atacará o restante da semente da mulher, a igreja remanescente que se
recusa a abdicar da obediência que presta a Cristo. O Apocalipse caracteriza os
crentes leais que constituirão o remanescente como aqueles “que guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Apoc. 12:17).
Que a frase “testemunho de Jesus” se refere ao dom profético, é algo que se
estabelece claramente na conversa posterior do anjo com João.(8)
Próximo ao final do livro, o anjo identifica a si mesmo como “conservo teu e
dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus” (Apoc. 19:10) e como
“conservo teu, dos teus irmãos, os profetas” (Apoc. 22:9). Essas expressões
paralelas deixam claro que são os profetas que possuem o “testemunho de Jesus”.(9)
Isso explica a declaração do anjo, de que “o testemunho de Jesus é o Espírito da
Profecia” (Apoc. 19:10).
Comentando esse texto, Tiago Moffat escreveu: “‘Pois o testemunho de (isto
é, sustentado por) Jesus é (ou seja, constitui) o espírito de profecia.’ Isso define
especialmente os irmãos que mantêm o testemunho de Jesus na qualidade de
possuidores da inspiração profética. O testemunho de Jesus equivale em termos
práticos à testificação de Jesus (Apoc. 22:20). Trata-se da auto-revelação de Jesus
(que, de acordo com Apoc. 1:1, deve-se em última análise a Deus) que moveu os
profetas cristãos.”(10)
Portanto, a expressão Espírito de Profecia pode referir-se (1) ao Espírito
Santo que inspirou os profetas com a revelação procedente de Deus, (2) à operação
do dom de profecia e (3) ao instrumento da profecia.
O dom profético – o testemunho de Jesus “concedido à Igreja por meio da
profecia”(11) – corresponde a uma característica distintiva da igreja remanescente.
Jeremias vinculou a retração desse dom à pecaminosidade. “Onde já não vigora a
lei, nem recebem visão alguma do Senhor os Seus profetas” (Lam. 2:9). O livro de
Apocalipse identifica a posse das duas características da igreja verdadeira dos
últimos dias: ela guarda os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus – o
dom profético (Apoc. 12:17).
À igreja do Êxodo concedeu Deus o dom profético a fim de organizar,
instruir e guiar Seu povo (Atos 7:38). “Mas o Senhor, por meio dum profeta, fez
subir a Israel do Egito e, por um profeta, foi ele guardado” (Osé. 12:13). Não deve
constituir surpresa, portanto, o fato de encontrarmos um profeta no meio do povo
que se acha envolvido com o último êxodo – o escape do planeta Terra, poluído
pelo pecado, em direção à Canaã celestial. Esse êxodo, que ocorre em seguida ao
Segundo Advento, representa o cumprimento último e completo de Isa. 11:11:
“Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do Seu
povo, que for deixado.”

Auxílio na Crise Final.

As Escrituras declaram que o povo de Deus experimentará nos últimos dias da história terrestre a plenitude da ira do satânico poder do dragão, quando este se envolver numa tentativa final para destruí-los (Apoc. 12:17). Será esse um “tempo de angústia, qual nunca houve, desde que
houve nação até àquele tempo” (Dan. 12:1). A fim de ajudá-los na sobrevivência em meio ao mais intenso conflito de todas as eras, Deus, em Sua amorável bondade, assegura a Seu povo que não o deixará sozinho. O testemunho de Jesus, o Espírito de Profecia, os guiará em segurança rumo ao objetivo final – a união com o Salvador por ocasião do Segundo Advento.
A ilustração que segue ilustra o relacionamento entre a Bíblia e as manifestações pós-bíblicas do dom profético: “Suponha que estamos a ponto de iniciar uma viagem. O proprietário do barco nos coloca em mãos o manual de instruções, dizendo-nos que o mesmo contém instruções suficientes para toda a viagem, e que, se atendermos aquilo que está escrito no manual, certamente alcançaremos em segurança o porto de nosso destino. Iniciando a viagem, abrimos
o manual a fim de aprender o que nele está escrito. Constatamos que o autor
registrou ali princípios de aplicação geral para a nossa orientação, e nos instrui
tanto quanto possível analisando as várias contingências que se poderão apresentar
até o fim; mas ele também nos adverte de que a última porção da viagem será
particularmente perigosa; que o traçado da costa está sempre se modificando em
virtude de bancos de areia e tempestades. ‘Para esta porção final da viagem –
prossegue o autor – providenciei um piloto, o qual virá ao seu encontro e o
orientará completamente no tocante às circunstâncias e perigos dessa porção final
da viagem. Atenda suas orientações.’ Com base nas instruções que estão em nosso
poder, conseguimos chegar à porção final da viagem e o piloto, de acordo com a
promessa, aparece. Mas alguns membros da tripulação erguem-se contra ele no
momento em que ele oferece seus préstimos. ‘Possuímos o manual original –
dizem eles – e isso é o suficiente para nós. Orientar-nos-emos de acordo com ele, e só de acordo com ele. Nada queremos saber de você.’ A partir desse momento, quem está realmente seguindo
o manual original de instruções? Aqueles que rejeitam o piloto, ou aqueles que o
aceitam, seguindo a orientação do manual? Julgue você mesmo.”(12)

Os Profetas Pós-bíblicos e a Bíblia

Foi o dom profético que produziu a própria Bíblia. No período pós-bíblico, ele não deve superar as Escrituras ou acrescentar algo a elas, uma vez que o cânon sagrado já está completo.
O dom profético atuará no tempo do fim assim como atuou nos dias dos
apóstolos. Seu objetivo é destacar a Bíblia como base de fé e prática, explicar seus
ensinamentos e aplicar seus princípios ao viver diário. Ele se acha envolvido no
estabelecimento e edificação da Igreja, habilitando-a a desempenhar sua missão
divinamente-apontada. O dom profético reprova, adverte, orienta e encoraja tanto
indivíduos quanto a Igreja, protegendo-os das heresias e unificando-os nas
verdades bíblicas.
Os profetas pós-bíblicos atuaram de modo semelhante a Natã, Gade, Asafe,
Semaías, Azarias, Eliézer, Aías, Obede, Miriã, Débora, Hulda, Simeão, João
Batista, Ágabo, Silas, Ana e as quatro filhas de Filipe, os quais viveram em
tempos bíblicos, mas não tiveram seus testemunhos registrados como parte do
compêndio bíblico. O mesmo Deus que falou através dos profetas que escreveram
a Bíblia, inspirou estes profetas e profetisas. Suas mensagens não entraram em
contradição com a revelação divina previamente registrada.

Testando o Dom Profético.

Uma vez que a Bíblia adverte de que antes do retorno de Crisio apareceriam muitos falsos profetas, devemos investigar cuidadosamente todas as reivindicações de manifestação do dom profético. Paulo assim se expressou: “Não desprezeis as profecias. Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (I Tess. 5:20-22; cf. I João 4:1).
A Bíblia apresenta várias linhas-mestras que nos auxiliarão a distinguir o
genuíno dom profético daquele que é espúrio.

1. Porventura harmoniza-se a mensagem com a Bíblia?
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva”
(Isa. 8:20). Esse texto implica que a mensagem de qualquer profeta deve estar de
acordo com a lei e o testemunho de Deus, manifestados ao longo de toda a Bíblia.
Um profeta posterior jamais deverá contradizer um profeta anterior. O Santo
Espírito jamais contradiz o Seu próprio testemunho anteriormente concedido, pois
em Deus “não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tia. 1:17).

2. As predições comprovaram-se verdadeiras? “Se disseres no teu coração:
Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Sabe que, quando esse profeta
falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como
profetizou, esta é a palavra que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal
profeta; não tenhas temor dele” (Deut.18:21 e 22; cf. Jer. 28:9). Embora as
profecias possam representar uma parcela relativamente pequena da mensagem
profética, a sua exatidão deve ser demonstrada.

3. É reconhecida a encarnação de Cristo? “Nisto reconheceis o Espírito de
Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo
espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus” (I João 4:2 e 3). Esse teste
exige mais que um simples reconhecimento de que Jesus Cristo viveu sobre a
Terra. O verdadeiro profeta deve confessar o ensinamento bíblico da encarnação –
ele deve crer em Sua divindade e preexistência, Seu nascimento virginal, Sua
verdadeira humanidade, vida sem pecado, sacrifício expiatório, ressurreição,
ascensão, ministério intercessório e segundo advento.

4. Que tipo de frutos produz o profeta: bons ou maus? A profecia vem pela
inspiração de “homens santos de Deus” por parte do Espírito Santo (II Ped. 1:21).
Podemos discernir os falsos profetas a partir de seus frutos. Ou, conforme
explicou Jesus: “Pelos seus frutos os conhecereis. ... Não pode a árvore boa
produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não
produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os
conhecereis” (Mat. 7:16, 18-20).
Esse conselho é crucial ao se avaliar a reivindicação do profeta. Em primeiro
lugar vem a vida do profeta. Não significa que o profeta deva ser absolutamente
perfeito; as Escrituras dizem que Elias foi um homem “semelhante a nós, sujeito aos mesmos
sentimentos” (Tia. 5:17). Mas a vida do profeta deveria ser caracterizada pelos
frutos do Espírito, não pelas obras da carne (Gál. 5:19-23).
Em segundo lugar, esse princípio diz respeito à influência do profeta sobre
outros. Quais os resultados observáveis na vida daqueles que aceitam as
mensagens? Porventura as mensagens do profeta habilitam o povo de Deus para a
missão e o unem em sua fé (Efés. 4:12-16)?
Toda pessoa que reivindica possuir o dom profético, deve ser submetida a
tais testes. Se enfrentar positivamente todos eles, podemos ter a confiança de que
efetivamente o Espírito Santo concedeu a ela o dom de profecia.

O Espírito de Profecia na Igreja Adventista do Sétimo Dia

O dom de profecia manifestou-se activamente no ministério de Ellen G.
White, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi-lhe concedida
instrução inspirada da parte de Deus, em favor de Seu povo dos últimos dias. O
mundo no início do século dezanove, quando Ellen White começou a apresentar
mensagens de Deus, era um mundo do homem. Seu chamado profético colocou-a
sob escrutínio crítico. Tendo satisfeito os testes bíblicos, ela prosseguiu em seu
ministério profético durante 70 anos. Desde 1844, quando contava com apenas 17
anos de idade, até 1915 – ano de sua morte – ela recebeu mais de duas mil visões.
Durante esse período, ela viveu e trabalhou na América do Norte, Europa e
Austrália, aconselhando, estabelecendo novas frentes de trabalho, pregando e
escrevendo.
Ellen White jamais assumiu o título de profetisa, mas não se opunha a que os
outros assim a identificassem. Ela explicou: “Cedo em minha juventude foi-me
perguntado muitas vezes: É você uma profetisa? Sempre tenho respondido: Sou a
mensageira do Senhor. Sei que muitos me têm chamado de profetisa, mas jamais
reivindiquei esse título. ... Por que não reivindico ser chamada de profetisa?
Porque nestes dias muitos que audaciosamente pretendem ser profetas,
representam um opróbrio à causa de Cristo; e porque minha obra inclui muito mais
do que o termo ‘profeta’ significa. ... Reivindicar ser profetisa é algo que jamais
fiz. Se outros me chamam por esse nome, não discuto com eles. Mas a minha obra abrange tantos aspectos, que não posso chamar-me a mim mesma senão uma mensageira.”(13)

A Aplicação dos Testes Proféticos.

De que modo se comporta o ministério de Ellen White face aos testes bíblicos de um profeta?

1. Concordância com a Bíblia. Sua abundante produção literária inclui
dezenas de milhares de textos bíblicos, acompanhados por vezes de detalhadas
exposições. Cuidadosos estudos têm demonstrado que seus escritos são coerentes,
fidedignos e em total concordância com a Escritura.

2. Exatidão das predições. Os escritos de Ellen White contêm um número
relativamente pequeno de predições. Algumas delas estão hoje em processo de
cumprimento, enquanto outras ainda aguardam ser cumpridas. Entretanto, aquelas
que podem já ser testadas, cumpriram-se com extraordinária precisão.
Apresentaremos, a seguir, dois exemplos que demonstram sua visão profética.

a. O surgimento do moderno espiritualismo. Em 1850, quando o
espiritualismo – movimento que pretende manter comunicação com o mundo dos
espíritos e com os mortos – ainda se encontrava nos primeiros passos, Ellen White
identificou-o como um dos grandes enganos dos últimos dias e predisse seu
crescimento. Embora naqueles dias o movimento fosse decididamente anticristão,
ela previu que a hostilidade se modificaria, e que ele viria a tornar-se respeitável
entre os cristãos.(14) Desde aqueles dias, o espiritualismo tem-se estendido a todo o
mundo, adquirindo milhões de adeptos. Sua face anticristã modificou-se;
efectivamente, muitos deles identificam-se como cristãos espiritualistas,
reivindicando possuir a verdadeira fé cristã, afirmando ainda que “os
espiritualistas são os únicos religiosos que usam os dons prometidos por Cristo,
através dos quais curam os enfermos e demonstram uma consciência futura e
existência progressiva”.(15) Eles até mesmo asseveram que o espiritualismo
“concede o conhecimento de todos os grandes sistemas de religião, e ainda,
concede mais conhecimento da Bíblia cristã do que todos os comentários
combinados. A Bíblia é um livro de espiritualismo”.(16)

b. Cooperação íntima entre protestantes e católicos romanos.
Durante o período de vida de Ellen G. White, existia um abismo entre o
protestantismo e o catolicismo romano, o qual parecia impedir qualquer
cooperação entre ambos. O anticatolicismo campeava entre os protestantes. Ela
profetizou que grandes mudanças no seio do protestantismo conduziriam a um
afastamento da fé proclamada pela Reforma. Consequentemente, as diferenças
entre protestantes e católicos se reduziriam, conduzindo ao estabelecimento de
uma ponte para cobrir o abismo que antes separava a ambos.(17)
Os anos posteriores a sua morte têm testemunhado o surgimento do
movimento ecumênico, o estabelecimento do Conselho Mundial de Igrejas, o
Concílio Vaticano II, e a ignorância ou mesmo decidida rejeição que o
protestantismo faz dos pontos de vista da Reforma no tocante à interpretação
profética.(18) Essas grandes mudanças têm derribado muitas barreiras até então
existentes entre católicos e protestantes, conduzindo a um processo de crescente
cooperação.

3. O reconhecimento da encarnação de Cristo. Ellen White escreveu
extensamente sobre a vida de Cristo. Seu papel como Senhor e Salvador, Seu
sacrifício expiatório na cruz, e Seu actual ministério intercessório, representam
temas dominantes em sua obra literária. O livro O Desejado de Todas as Nações
tem sido aclamado como um dos mais espirituais tratados sobre a vida de Cristo,
enquanto Caminho a Cristo – sua obra mais amplamente difundida – tem
conduzido milhões de pessoas a um relacionamento mais íntimo com Ele. Seus
livros retratam claramente a Jesus como plenamente Deus e plenamente homem.
Sua exposição equilibrada coincide com os pontos de vista bíblicos, evitando de
forma cuidadosa a ênfase exagerada quanto a uma ou outra natureza – um
problema que causou tanta controvérsia ao longo da história do cristianismo.
Todo o tratamento que ela dá ao ministério de Cristo é de cunho prático. Não
importa quais os aspectos de que ela trate, sua preocupação fundamental é
conduzir o leitor a um relacionamento mais profundo com o Salvador.

4. A influência de seu ministério. Decorrido mais de um século desde que
Ellen White recebeu o dom profético, a Igreja e a vida daqueles que atenderam a
Seus conselhos, revelam o impacto de sua vida e de suas mensagens.
“Embora ela jamais tenha ocupado uma posição ou cargo oficial, nem
recebido uma ordenação ministerial, e tampouco salário da Igreja, a não ser depois
da morte do esposo, sua influência moldou a Igreja Adventista do Sétimo Dia mais
do que qualquer outro fator, exceto a Santa Bíblia.”(19) Ela representou a força
motriz por detrás do estabelecimento das atividades da igreja nos setores de
publicações, escolas, obra médico-missionária e o desenvolvimento missionário de
extensão mundial, que tornaram a Igreja Adventista do Sétimo Dia uma das
organizações missionárias de maior extensão e mais rápido crescimento.
O material por ela escrito constitui mais de 80 livros, 200 folhetos e panfletos
e 4.600 artigos em periódicos. Sermões, diários, testemunhos especiais e cartas
compreendem outras 60.000 páginas de material manuscrito.
A abrangência desse material é assombrosa. O conhecimento de Ellen White
não se limitava a algumas áreas específicas. O Senhor transmitiu-lhe conselho em
assuntos como saúde, educação, vida familiar, temperança, evangelismo,
ministério de publicações, dieta adequada, obra médica e muitas outras áreas.
Talvez os seus escritos no campo da saúde tenham sido os mais extraordinários,
uma vez que a iluminação por ela recebida, em parte há mais de um século, tem
sido comprovada através da moderna ciência.
Seus escritos focalizam a Cristo Jesus e apresentam os elevados valores
morais e éticos da tradição judaico-cristã.
Embora muitos de seus escritos sejam dirigidos à Igreja Adventista do
Sétimo Dia, vastas porções dos mesmos têm sido apreciadas pelo público em
geral. Seu conhecido livreto, Caminho a Cristo, foi traduzido para mais de cem
idiomas e vendeu mais de 15 milhões de exemplares. Sua obra mais conhecida é a
série Conflito, em cinco volumes, que apresenta em detalhes o grande conflito
entre Cristo e Satanás, desde a origem do pecado até sua erradicação final do
Universo.
O impacto de seus escritos sobre os indivíduos é profundo. Recentemente o
Instituto de Ministérios da Igreja da Universidade Andrews, Estados Unidos,
empreendeu um estudo comparando as atitudes e comportamento de adventistas
que lêem regularmente os escritos de Ellen White com o daqueles que
não o fazem. Essa pesquisa demonstrou o impacto de seus escritos sobre a vida
daqueles que os lêem. O estudo chegou à seguinte conclusão: “Os leitores
possuem um relacionamento mais íntimo com Cristo, mais certeza de sua situação
diante de Deus e com maior probabilidade identificam seus dons espirituais.
Demonstram-se mais dispostos a gastar em favor do evangelismo público e
contribuem de modo mais significativo com os projetos missionários locais.
Sentem-se melhor preparados para testemunhar e efetivamente engajam-se mais
em pregação e programas comunitários. São mais inclinados a estudar a Bíblia
diariamente, a orar em favor das pessoas, a reunir-se em grupos de comunhão e a
desenvolver o culto familiar diário. Vêem sua igreja com olhos mais positivos. E
sentem responsabilidade por obter maior número de conversos.”(20)

O Espírito de Profecia e a Bíblia.

Os escritos de Ellen White não constituem
um substitutivo para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As
Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são o único padrão pelo qual os
seus escritos – ou quaisquer outros – devem ser julgados e ao qual devem estar
subordinados.

1. A Bíblia é o padrão supremo.
Os adventistas do sétimo dia apóiam plenamente o princípio da Reforma, sola scriptura, a Bíblia como seu próprio intérprete e a Bíblia, sozinha, como base de todas as doutrinas. Os fundadores da igreja desenvolveram suas crenças fundamentais através do estudo da Bíblia; não
receberam tais doutrinas através das visões de Ellen White. Seu principal papel
durante o desenvolvimento das doutrinas da igreja foi orientar a compreensão da
Bíblia e confirmar as conclusões às quais se chegava através do estudo da Bíblia.(21)
A própria Ellen White cria e ensinava que a Bíblia representa a norma final da Igreja. Em seu primeiro livro, publicado em 1851, ela escreveu: “Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados.”(22) Ela jamais modificou esse ponto de vista. Anos mais tarde, tornou a escrever: “Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como
autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas são a norma do carácter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa.”(23) Em 1909, durante sua última palestra perante uma sessão da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ela abriu sua Bíblia, ergueu-a diante da congregação e disse: “Irmãos e irmãs, recomendo-vos este Livro.”(24)
Em resposta aos crentes que consideravam seus escritos como uma adição à Bíblia, ela escreveu, dizendo: “Tomei a preciosa Bíblia e circundei-a com os vários Testemunhos Para a Igreja, concedidos ao povo de Deus... Não estais familiarizados com as Escrituras. Se tivésseis feito da Palavra de Deus objeto de estudo regular, com o desejo de alcançar os padrões bíblicos e de atingir a perfeição cristã, não teria havido necessidade dos Testemunhos. É porque
negligenciastes familiarizar-vos com o Livro inspirado de Deus, que Ele procurou
alcançar-vos através de testemunho simples e direto, chamando a atenção para as
palavras da inspiração que negligenciastes obedecer, insistindo em que a vossa
vida se paute de acordo com esses puros e elevados ensinos.”(25)

2. Um guia para a Bíblia.
Ela encarou o seu trabalho como a condução das pessoas de volta à Bíblia. “Pouca importância é dada à Bíblia”, escreveu ela, e assim “o Senhor concedeu uma luz menor para conduzir homens e mulheres à luz maior.”(26) “A Palavra de Deus”, prossegue a autora, “é suficiente para iluminar a mente mais obscurecida e pode ser compreendida por todos aqueles que sentirem o
desejo de entendê-la. Apesar de tudo isso, alguns que pretendem estar fazendo da
Palavra de Deus o seu objeto de estudo, encontram-se vivendo em direta oposição
aos seus mais claros ensinos. Conseqüentemente, para que homens e mulheres
fiquem sem escusa, Deus concede testemunhos claros e diretos, fazendo com que
essas pessoas retornem à Palavra que haviam negligenciado em seguir.”(27)

3. Um guia na compreensão da Bíblia.
Ellen White considerava seus escritos como um guia para a compreensão mais clara da Bíblia. “Não são apresentadas verdades novas; através dos Testemunhos, porém, Deus simplificou
as grandes verdades já concedidas e segundo a forma por Ele mesmo escolhida,
trouxe-as perante o povo, visando despertá-los e impressionar suas mentes, a fim
de que todos eles fiquem sem escusa.” “Os testemunhos escritos não são
concedidos a fim de prover nova luz, mas para imprimir vividamente sobre o coração as verdades da inspiração já anteriormente reveladas.”(28)

4. Um guia para aplicar princípios bíblicos.
Muitos de seus escritos aplicam os conselhos bíblicos ao viver diário. Ellen White disse que ela foi “orientada a apresentar princípios gerais, e ao mesmo tempo especificar os perigos, erros e
pecados de alguns indivíduos, a fim de que todos pudessem ser advertidos,
reprovados e aconselhados”.(29) Cristo havia prometido semelhante orientação
profética a Sua igreja. A própria Ellen White observou: “O fato de que Deus
revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou
desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo. Ao contrário, o
Espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a Palavra a Seus servos,
para iluminar e aplicar os seus ensinos.”(30)

O Desafio ao Crente.

O livro de Apocalipse profetiza que o “testemunho de
Jesus” haveria de manifestar-se através do “espírito de profecia” nos últimos dias
da história terrestre. Isso representa um desafio a todos, no sentido de não assumir
uma atitude de indiferença ou descrença, mas a “provar todas as coisas” e “reter o
que é bom”. Existe muito a ganhar – ou perder – face à atitude com a qual
assumirmos essa investigação biblicamente ordenada. Jeosafá exortou no passado:
“Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e
prosperareis” (II Crôn. 20:20). Essas palavras soam como perfeitamente
verdadeiras, ainda nos dias de hoje.


Referências
1. Itálicos supridos.
2. No tocante a exemplos bíblicos de profetisas, veja Êxodo 15:20; Juízes 4:4; II Reis 22:14; Lucas 2:36;
Atos 21:9.
3. Frank B. Holbrook, “The Biblical Basis for a Modern Prophet”, pág. 1 (Documento não publicado, Ellen
G. White Estate, General Conference of Seventh-day Adventists, 6840 Eastern Ave. NW, Washington, D.C.
20012). Cf. Jemison, A Prophet Among You (Mountain View, CA: Pacific Press, 1955), págs. 52-55.
4. Veja Holbrook, “Modern Prophet”, págs. 3-5.
5. Infelizmente não existe registro disponível daquilo que ocorreu ao longo de toda a era cristã.
6. Gerhard Friedrich, “Prophets and Prophecies in the New Testament”, in Theological Dictionary of the
New Testament, vol. 6, pág. 859.
7. Cf. Friedrich, págs. 860 e 861.
P: 308
8. A expressão “testemunho de Jesus” é melhor compreendida como genitivo subjetivo, não como genitivo
objetivo. “Duas traduções são possíveis: a) O testemunho acerca de ou concernente a Jesus (genitivo objetivo) =
aquilo que os cristãos testemunham a respeito de Jesus; b) O testemunho de ou dado por Jesus (genitivo subjetivo)
= mensagens de Jesus a Sua Igreja. As evidências providas pelo uso desta expressão no livro de Apocalipse,
sugerem que ela deva ser entendida como genitivo subjetivo (testemunho dado por Jesus), e que este testemunho é
concedido através da revelação profética” (Holbrook, “Modern Prophet”, pág. 7).
Como uma das evidências, Holbrook cita Apoc. 1:1 e 2: “‘Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu
para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer, e que Ele, enviando por intermédio do Seu
anjo, notificou ao Seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o
que viu.’ No presente contexto está claro que o ‘testemunho de Jesus’ representa a revelação feita por Jesus a João.
João registra esse testemunho dado por Jesus. Ambas as expressões do genitivo encontram melhor sentido quando,
no contexto, são consideradas como subjetivas; harmonizam-se, também, com as palavras de encerramento do
livro: ‘Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente venho sem demora’ (Apoc. 22:20)” (Ibidem, págs.
7 e 8).
9. Veja SDA Bible Commentary, edição revista, vol. 7, pág. 812; T. H. Blincoe, “The Prophets Were Until
John”, Ministry, Suplemento de julho de 1977, pág. 24L; Holbrook, “Modern Prophet”, pág. 8.
10. Tiago Moffatt, in Expositor’s Greek Testament, edição de W. Robertson Nicoll, vol. 5, pág. 465.
11. “Spirit of Prophecy”, SDA Encyclopedia, edição revista, pág. 1.412. Disse Paulo que aqueles que
esperam pelo Segundo Advento têm o testemunho de Cristo confirmado, de modo que não lhes falta nenhum dom
(I Cor. 1:6 e 7).
12. Uriah Smith, “Do We Discard the Bible by Endorsing the Visions?”, Review and Herald, 1º de
dezembro de 1977, pág. 13.
13. E. G. White, “A Messenger”, Review and Herald, 26 de julho de 1906, pág. 8. O título “mensageira do
Senhor” foi dado pela inspiração (Ibidem).
14. E. G. White, Primeiros Escritos, pág. 59.
15. J. M. Peebles, “The Word Spiritualism Misunterstood”, in Centennial Book of Modern Spiritualism in
America (Chicago, IL: Associação Nacional Espiritualista dos Estados Unidos, 1948), pág. 34.
16. B. F. Austin, “A Few Helpful Thoughts”, Centennial Book of Modern Spiritualism, pág. 44.
17. E. G. White, O Grande Conflito, págs. 571 e 588 (edição padronizada).
18. No tocante à visão historicista das profecias de Daniel e Apocalipse que dominaram no seio do
protestantismo desde a Reforma até o século dezenove, veja Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vols. 2-4.
Veja também o capítulo 12.
19. Richard Hammill, “Spiritual Gifts in the Church Today”, Ministry, julho de 1982, pág. 17.
20. Roger L. Dudley e Des Cummings Jr., “A Comparison of the Christian Attitudes and Behaviors
Between Those Adventist Church Members Who Regularly Read Ellen White Books and Those Who Do Not”,
1982, págs. 41 e 42. Relatório de pesquisa do Departamento de Ministérios, Universidade Andrews, Berrien
Springs, MI. A pesquisa abrangeu mais de 8.200 membros, componentes de 193 igrejas nos Estados Unidos.
21. Jemison, Prophet Among You, págs. 208-210; Froom, Movement of Destiny (Washington, D.C.: Review
and Herald, 1971), págs. 91-132; Damsteegt, Foundations of the Seventh-day Adventist Message and Mission,
págs. 103-293.
22. E. G. White, Primeiros Escritos, pág. 78.
23. E. G. White, O Grande Conflito, pág. 9 (edição padronizada).
24. William A. Spicer, The Spirit of Prophecy in the Advent Movement (Washington, D.C.: Review and
Herald, 1937), pág. 30.
25. E. G. White, Testimonies for the Church, vol. 5, págs. 664 e 665.
26. E. G. White, “An Open Letter”, Review and Herald, 20 de janeiro de 1903, pág. 15; citado em E. G.
White, O Colportor-Evangelista, pág. 125.
27. E. G. White, Testimonies, vol. 5, pág. 663.
28. Ibidem, pág. 665.
29. Ibidem, pág. 660.
30. E. G. White, O Grande Conflito, pág. 9 (edição padronizada).


Nisto Cremos, Casa publicadores Brasileira, São Paulo, p. 291-307

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